Recentemente um aluno do curso de Direito da Faculdade Sete de Setembro – FASETE, me fez uma pergunta inédita nestes últimos 06 (seis) anos de docência. Professor (perguntara o jovem rapaz): o que é Sofisma de Composição?
A pergunta me soara grego, mandarim, ou algo do gênero. De repente, aquele barulhinho da contagem regressiva (tóô, tôo, tôo…pêênnnn!!!) ou aquela sonoplastia do patinho (quê, quê, quê, quêêê!!!!!!!) me veio a cabeça.
A reação foi: como? éééééé…..poderias repetir a pergunta? onde você viu tal informação?
O silêncio paraiva no ar…todos olhando a expressão do professor a espera de um milagre (Daniel na Cova dos Leões). Mas, como todo e bom mestre em seu âmago filosófico, recorri ao amigo Shakespeare: “To be or not to be – that is the question”. A minha resposta foi: “Não Sei!” (rsrsrs).
Brincadeiras a parte, o fato é que lecionar envolve humildade. A arte de ensinar, segundo Mark van Doren, é a de tomar parte em descobertas.
Esse danadinho conhecido como Sofisma de Composição, sinônimo da expressão “Coeteris Paribus”, cuja origem é o latim, tão presente no dia-a-dia das nossas aulas, me fez experimentar a tensão e o prazer do triunfo da descoberta.
Para que ninguém mais “caia” na armadilha (rsrssrsr), compartilho o “danado” do Sofisma de Composição.
Um conceito intrigante, para não dizer desafiante, presente nas leis econômicas, diz respeito ao sofisma de composição.
Trata-se de uma forma incorreta de raciocínio, bastante comum no campo das ciências sociais e da economia em particular, que pretende imputar ao conjunto certos princípios ou leis que são válidos apenas para uma parte do todo.
Em economia, não é sempre que um princípio válido para um agente econômico, individualmente considerado, será válido também para a economia como um todo. Vamos a dois exemplos simples:
1. Quando um produtor agrícola, individualmente considerado, cuja produção atende a uma diminuta parcela do mercado total, obtém uma colheita excepcional, excedendo inclusive aos padrões correntes da produtividade agrícola em sua região, é alta a probabilidade de que sua renda real exceda às melhores expectativas.
Todavia, se todos os produtores obtiverem excelentes colheitas, em razão, por exemplo, de melhorias nos padrões genéticos de sementes, de novos desenvolvimentos em tratos culturais ou de favoráveis condições atmosféricas, não se pode mais dizer que é alta a probabilidade de que a renda de todos exceda às melhores expectativas.
Pode mesmo ocorrer o oposto, à medida que a safra excelente resulte em redução de preços: os preços rebaixados poderão comprometer o rendimento real da atividade. O que era válido para o produtor individual não é necessariamente válido para o conjunto.
2. Por seu caráter precaucional, a poupança, em escala individual, é considerada uma virtude, mesmo que seus níveis em relação ao rendimento sejam elevados. Todavia, se o nível da poupança agregada for excessivamente elevado em relação à renda da sociedade como um todo, o consumo fatalmente será afetado e até mesmo os investimentos em novas instalações para produção poderão ser postergados.
Pelos níveis acentuadamente altos da poupança, o emprego e a própria renda da sociedade poderão ser desfavoravelmente afetados. Isto significa que uma virtude, quando tomada em escala individual, pode tonar-se causa de um processo econômico depressivo, piorando as condições econômicas vigentes.
Pode-se incorrer, assim, em sofisma de composição, sempre que se imputa ao todo um princípio válido para uma parte desse mesmo todo. Em economia, a escala de observação não pode ser ignorada: ela tem muito a ver com a validade de determinados princípios e com suas generalizações. Como observa Lipsey:
“A validade de um princípio econômico está contingenciada por determinada escala de observação. Devem-se distinguir os que são válidos em escala microeconômica dos que se estabelecem para magnitudes agregadas, globais, ou entre relações apreendidas pela macroeconomia.”
Sofismas de composição, em economia, geralmente decorrem, assim, de raciocínios simplistas que desconsideram níveis de referência e escalas de observação. O todo e a parte, em economia, se interpenetram – e é muito difícil, talvez mesmo impossível, compreender o conjunto sem que se compreenda cada uma de suas partes.
Compreender como agem os agentes econômicos individuais e como eles reagem a determinadas condições circunstanciais é uma das exigências elementares para que se possa compreender como e com base em que motivações se movimenta a economia como um todo. O todo, afinal, é a soma das partes.
Mas há, em economia, determinados comportamentos que, de um lado, são virtuosos em escala individual e, de outro lado, podem ser desastrosos em escala agregada. Vícios privados, contrariamente, podem levar a virtuosos mecanismos que conduzem ao equilíbrio global. Estes aparentes paradoxos são inerentes ao processo econômico. Eles certamente dificultam o exercício da generalização. Por isso mesmo, constituem, ao lado de tantos outros, um dos mais intrigantes desafios da economia.
Autor: José Paschoal Rossetti – Introdução à Economia
Professor, parabéns por ser humilde e sobre tudo capaz nas coisas que faz e, por sinal muito bem.
No segundo exemplo quando é afirmado que “Isto significa que uma virtude, quando tomada em escala individual, pode tonar-se causa de um processo econômico depressivo, piorando as condições econômicas vigentes.” – a expressão ESCALA INDIVIDUAL na verdade não deveria ser ESCALA “AMPLA OU GLOBAL” ou algo relacionada a grande escala de poupadores.
Conhecer o “Economia para Poetas”
Estou prestes a entrar no blog Economia para Poetas. Confesso que já tentei fazê-lo antes, mas, as dúvidas me levavam sempre a empurrar este momento para depois. Depois de que? Sei lá. Foi aí que resolvi tomar coragem e olhar de frente essa minha resistência, aparentemente sem explicação.
Sempre ouvi amigos, poetas ou não, me dizerem que tenho alma de poeta e talvez seja justamente isso que me intriga no fato de adentrar num ambiente virtual com este nome.
Poetas são pessoas sonhadoras, visionárias, passionais, às vezes contraditórias, pois suas bússolas tendem a apontar para aquele “estado d`alma” no qual seus corações estarão naquele momento. Sendo que seus corações podem mudar de lugar a cada segundo, a cada milésimo de segundo ou simplesmente “ficar batendo parado naquela estação”, como diz a música de Adriana Calcanhoto. E o que teria tudo isso a ver com a Economia? Somos pessoas exageradas, pródigas com as palavras, as atitudes, os amores, as amizades, a natureza. Somos compulsivos e impulsivos. Gastamos exageradamente nossos sentimentos com as coisas que aprazem nossos corações.
Que teria em comum com a Economia, os amantes incondicionais do Sonho?
Até agora, para mim, a Economia foi sempre aquela parte menos interessante do Jornal Nacional. Onde alguém, personificando a credibilidade, fala com firmeza muitas informações importantes das quais, nós, simples mortais, não entendemos nada, ou quase nada.
Mas, vamos ao blog. Meu professor falou que eu iria gostar. E poeta que é poeta, gosta de gostar.
Helena Feitosa
Aluna do 1º Período do Curso de Direito da FASETE
(Prof. André, um abraço carinhoso para você!)
Olá Prof. André Xavier.
Parabéns pelo blog. Além de criativo, nos permite ficar bem informados sobre questões econômicas em geral.
Aproveitando,gostaria de dizer que a aula do sr é muito gostosa…as horas passam e a gente nem percebe. O sr faz realmente a gente entrar no clima….
Um abração e até quinta!
Jacyane Caroline de O. M. Barretto
Graduanda do 1º Período do Curso de Bel. em Direito – FASETE
PROF. ANDRÉ XAVIER,
SUAS AULAS TORNAM A ECONOMIA MAIS ATRAENTE. VC É UMA BENÇÃO PARA MIM. UM GRANDE ABRAÇO. FICA COM DEUS.
Evânia,
As suas palavras me animam no sentido da fé, de crer que não há limites para atuação do poder de Deus. E graças a Ele, as aulas de Economia tem ampliado os nossos olhares sobre o mundo, ou seja, os acontecimentos da vida.
Ficas na paz!
Prof. André Xavier