“Eu não quero mais mentir, usar espinhos que só causam dor. Eu não enxergo o inferno que me atraiu, DOS CEGOS DO CASTELO ME DESPEÇO E VOU, a pé até encontrar. Um caminho, o lugar, pro que sou…” (Nando Reis).
De nada adianta ficar se queixando das mudanças atuais na economia, do desemprego, da inflação, da tecnologia, se não tivermos uma atitude proativa diante dos acontecimentos.
A globalização não é um fenômeno recente, veio para ficar e, a história relata essa evolução que se iniciou com as expansões marítimas.
Segundo o Fundo Monetário Internacional – FMI…
“a globalização é uma interdependência econômica crescente entre os países do mundo, provocada pelo aumento do volume e variedade das transações aduaneiras de bens e serviços, assim como do fluxo internacional de capitais, ao longo do tempo, decorrido da difusão acelerada e generalizada da tecnologia”.
Mas será que a tecnologia é mesmo esse grande mal? quem cria a tecnologia? quem a consome? será que o erro não estaria no excessivo valor que nós (seres humanos “racionais”) incutimos aos bens e serviços?
Bem, as respostas completas ainda não as tenho.
Mas, o fato é que não podemos fugir desse fenômeno (globalização), o desafio está posto: como sobreviver de forma “saudável” em um mundo globalizado?
As vantagens de viver em um mundo globalizado são evidentes: rapidez na informação, novas oportunidades de negócios, acesso a uma maior quantidade de bens e serviços, aplicações financeiras mundializadas, transferência de dados pela internet em tempo real (vídeo e chamadas telefônicas).
Por outro lado, as desvantagens também são aparentes e dolorosas: aumento da violência, desigualdade na distribuição de renda entre os países, catastrofes naturais, narcotráfico internacional, fome, epidemias, dentre outros.
Ao que parece, se queremos sobreviver nesse mundo globalizado, teremos que reapreender a valorizar o nosso próximo, a governar melhor em âmbito: local, nacional e internacional, de forma solidária.
A solidariedade é uma palavra chave, assim como fé, identidade, ética, sustentabilidade, vida, amor, paz e união.
Um novo renascimento do sistema capitalista precisa surgir, se é que já não está nascendo. Talvez uma mistura dos diversos modos de produção existentes, mas sobretudo, na minha opinião, entre o socialismo e o capitalismo.
Quem sabe se não será um capitalismo solidário ou uma economia social capitalista????????????
Os esforços deverão ser mútuos entre a iniciativa privada, o governo e a sociedade civil organizada. Precisamos unir forças, somar para multiplicar, cooperar para desenvolver.
Quando reflito a respeito das catástrofes naturais que vêm ocorrendo no mundo, me sinto enquanto ser humano, julgado pelo criador. É como se estivéssemos pagando o preço por nossas ações desordenadas, voltadas para os prazeres efêmeros do consumo.
Com toda as descobertas realizadas pelo homem, ao longo da história, continuamos na barbárie do ponto de vista das relações com os mais necessitados. O continente africano é quem não me deixa mentir.
A nova ordem mundial estimula a formação de redes, blocos econômicos, anacronismos criados pelos cientistas econômicos, a exemplo do BRIC. Sigla esta, utilizada para referenciar as economias dos países – Brasil – Rússia – Índia e China.
Podemos citar outros exemplos de blocos: NAFTA, ALCA, MERCOSUL, UNIÃO EUROPÉIA, ALADI, CARICOM, PACTO ANDINO,………mas e a África está participando de que bloco mesmo? o continente africano tem sido convidado para formação de quais rodadas de comércio mundiais?
A indagação paira no ar:
Será que por ser um continente considerado pobre, com sua população historicamente escravizada, não tenha importância para a economia mundial?
Bem, tudo é uma questão de interesse. Vejamos:
Pesquisas científicas que utilizavam camundongos como cobaias, estão substituindo os animais pelo povo africano para alcançar maior eficiência.
Há poucos anos, uma empresa transnacional veinculava propaganda na mídia africana incentivando as mães a não amamentarem.
Isso mesmo, esse absurdo! NÃO AMAMENTAR.
Era algo do tipo: Não amamente dê leite NINHO.
Os exemplos não param por aí, países desenvolvidos financiam por meio de armamento as milícias locais na África, em troca de minério. O solo africano é altamente rico em metais preciosos.
Aos cinéfilos de plantão sugiro que assistam: O Jardineiro Fiel, Hotel Ruanda, Diamante de Sangue e O Senhor das Armas.
Nossa! até que ponto somos”racionais”, destruindo vidas, para manter a hegemonia do nosso padrão de consumo. E isso, é globalização.
O líder espiritual, tibetano, Dalai Lama reflete: No mundo moderno, o homem abre mão da saúde para obter dinheiro e depois perde o dinheiro para recuperar a saúde.
No Brasil, os efeitos também não são muito diferentes. Vivemos em uma nova era Feudal, casas com muros altos, cercas elétricas, segurança privada, carros com alarmes, películas e travas, esforços que apesar de crescentes, não eliminam o nosso sentimento de insegurança.
Elevamos a taxa de juros para atrair o investidor internacional, o venture capital, aumentamos as reservas internacionais, diminuímos a pressão do câmbio.
E em troca?
A população paga a maior taxa de juros do mundo, faltam investimentos na produção, o desemprego sobe, a violência também, a renda cai e as lojas aumentam os prazos de financiamento com juros altos para que a ilusão de satisfação por meio do consumo, permeie o nosso imaginário.
A Petrobrás descobre novos poços de petróleo, aumentamos a oferta de petróleo Brant e Light, novas refinarias estão sendo construídas e o preço do petróleo continua baixando, certo? Errado.
O petróleo é uma commodity , cujo preço quem dita é o mercado internacional. A contradição econômica se faz presente. Isto porque “coeteris paribus” quando a oferta de um bem ou serviço aumenta o preço tende a baixar.
Retomo a questão da cooperação.
Enquanto não percebermos que os “nossos castelos feudais”, estão cada vez mais nos separando dos vassalos, da plebe, a situação não mudará.
Precisamos desenvolver uma postura de cooperação, de relacionamento, de interrelação, entre as pessoas e não de exclusão e rivalidade.
A exploração da mão-de-obra, tanto criticada por Karl Marx, precisa ceder. O Estado tem um papel importante nesse jogo, entre empresários e trabalhadores, há um clamor pela minimização das assimetrias.
E o capital financeiro?
Estes, por meio dos seus conglomerados precisam reverter (compartilhar), parte dos seus lucros com a periferia. Não basta apenas realizar o marketing da responsabilidade social.
Ou será que ainda não perceberam que o custo-benefício não está sendo viável, financeiramente falando, para manter carros “fortes” transportando valores, sistema de segurança privada, vigilantes, vidros blindados, portas giratórias, dentre outros.
Além disso, quantas vidas precisarão ser sacrificadas nos assaltos, para que o sistema financeiro mude o seu modelo mental?
Infelizmente tudo isso é real.
Certo dia, um amigo, foi assaltado e o rapaz lhe disse: “Se eu pedisse você não me daria, por isso é que eu estou te assaltando boy”.
Em meio as cenas citadas anteriormente, tenho a percepção que ainda estamos anos-luz de uma possível solução, apesar de ter fé na possibilidade da renovação.
Todavia, enquanto as pessoas comuns, os homens e as mulheres das grandes cidades e das aldeias do mundo, não tiverem uma vida melhor, continuaremos a reclamar do mercado, da tecnologia, criticando os políticos que nós mesmos elegemos.
Enfim, a verdade é que estamos sempre procurando um culpado pelos efeitos que geramos, criamos e alimentamos, chamado de globalização.
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